A FORMAÇÃO DO STATUS DO “DOUTOR” BRASILEIRO É incrível como vocês “doutores” mitificam-se a partir de uma atribuição que não lhes cabe. Muitos de vocês, desesperados para não serem julgados como classe b, c ou para não serem intitulados de populares, para não serem o que são, decidem cursar curso de graduação, como qualquer outro: medicina. Não adianta mudar o traje, o discurso malandro e o aspecto negativo do jeitinho, a
transgressão; aquilo que os define em sua gênese mais perversa continua. O que deve ser mudado não é a busca por um traje branco; não é a carcaça, é a essência. E não defendo aqui um discurso de que devemos nos basear em modelos europeus, mas a contaminação de nossa própria lepra não é a melhor saída. Estudar biologia, farmacologia ou qualquer outra área dessas não transforma, tampouco cura. Não adianta prescrever remédios, sentar na frente do “cliente” e tratá-lo como um futuro potencial para
não aceitar mais o seu plano de saúde posteriormente e cobrar valores absurdos que vocês acreditam ter o STATUS PARA RECEBER. Afinal, “um médico ganhando só isso?” “mas para um médico, é realmente pouco”, “poxa, ele é médico e ganha isso, que absurdo!”. A formação em medicina é uma formação para uma função social e não pessoal. Quando estive descrevendo a esse
sujeito o fato de um dos meus joelhos incharem e o outro não, disse a ele que o inchaço NÃO era simétrico. Naquele exato momento, ele PRESCREVEU, LINGUISTICAMENTE, para um LINGUISTA (e não fiz apenas graduação), que o vocábulo “simetria” deveria ser utilizado, apenas, e inflexivelmente, para fazer referência ao inchaço de ambos os meus joelhos, não apenas um. Essa parte da conversa foi a mais interessante, e engraçada. Além de prescrever o quadro social brasileiro, o infeliz prescrevia
sobre língua. O comentário foi tão infeliz, que eu ignorei por vergonha alheia. A sua falta de crítica, de reflexão, era evidente, afinal, ele só prescrevia, prescrevia. Ele é o resultado de uma escola muito preocupada com a memória, é um complexo de memória inútil. Não era capaz de entender que a constituição de um “conceito” existe por aquilo que lhe é inverso, por aquilo que o “conceito” NÃO (E EU DISSE NÃO NA CONVERSA) é; é uma ideia similar à noção de pares mínimos do pai da
linguística, o Francês, Saussure. A raiva existe pelo seu oposto, a alegria. A simetria existe pelo seu oposto, a não simetria ou assimetria. “Doutor”, quem faz a língua de quem fala é QUEM FALA. Em 1924, o Brasil deixava de ser um Estado TEOCRÁTICO. Hoje, ele caminha rumo a uma teocracia. Isso é um retrocesso? Será que a falta de escolarização ou falta de separação entre o pensamento crítico e a opinião (baseada em achismo, preconceito, religião) é a responsável por esse absurdo antidemocrático em que vivemos? Ok, o neoliberalismo tem os seus problemas, mas eu prefiro viver em um estado liberal, que coloca fim à Idade Média, do que viver uma JESUSCRACIA. Brasil de deus (com “d” minúsculo), pois esse deus preconceituoso e pessoal demais não é nada além de um delírio coletivo dessa gente que mitifica a si mesma como deus: d-eus me livre! É a mesma pessoalidade no serviço público e nas relações interpessoais. Um povo extremamente subjetivo e cortês, que está desesperado o tempo inteiro por validação de sua identidade nacional inexistente, em busca de um Messias que eleve a sua estima ou embranqueça-os e os tornem especiais, artistas, diferenciados, com a supremacia da individualidade sobre o coletivo. Isso foi o que o brasileiro se tornou: cidadão diferenciado, com status de cidadania desigual. A sua diversidade voltou-se contra ele mesmo para segregá-lo por sua própria diferença. O aspecto negativo do jeitinho? A apresentação do Brasil no encerramento dos Jogos Olímpicos na Inglaterra iniciou-se da seguinte maneira: as luzes do estágio apagaram-se e, de repente, havia um holofote de luz em uma figura muito representativa do Brasil, um gari, em seu uniforme alaranjado. O que eu achei interessante nessa parte da apresentação é que o gari é muito representativo do povo brasileiro, especialmente ao se pensar que é preciso que alguém limpe a sujeira dessa gente mal educada que vive jogando lixo no chão. Outro aspecto interessante é que o gari era negro, o que é também bastante representativo, uma vez que a maioria da população brasileira é negra, embora haja um discurso de negros e brancos desesperados sempre por um tom mais claro, que quando não pode ser manifestado em suas características físicas ou cor, ou em sua prole, tenta sobressair-se por meio de poderio econômico e status: é o embranquecimento em si – o desespero dessa gente por negar aquilo que eles são – vocês sabem com quem estão falando? O gari entra e aparece sambando e quebrando a norma estabelecida (BRASIL SIL SIL SIL SIL) e um guarda (ator) sai correndo em direção ao INFRATOR, que DÁ UM JEITO PARA NÃO SER PRESO e começa a sambar novamente. Ambos, o gari e o guarda sambam e o PARAÍSO DAS TRANSGRESSÕES inicia a sua apresentação em um cenário de beleza natural, fictício, caótico e de relações assimétricas, em que recai sobre o gari apenas a malandragem, como elemento popular e pobre separado da outra parte do espetáculo, representativa de uma elite branca que pode até transgredir, mas a ela não recai a culpa de sua transgressão, então aparecem os artistas e as modelos brasileiras. Quando penso na maneira que essa gente se comporta, que age, que educa e no seu discurso, eu questiono se esse lado cultural dessa nação, o lado negativo do jeitinho, não seria uma peste a qual a nossa estrutura governamental, educacional e familiar não conseguem combater. Eu compreendo que alguns padrões de desenvolvimento não devem ser aplicados aqui, pois esvaziam-se em nossa realidade, mas eu não consigo acreditar que o Brasil caótico que me encontro, em uma cultura que não me identifico e em um povo que não me representa possam ser “culturalmente aceitos”. E sim, eu defendo um projeto civilizador, pois se esses termos já são contraditórios, em uma cultura irracional e extremista, a sua garantia é nula e não se é possível formar cidadãos. Ou então, que os prédios e qualquer estrutura urbana desse país sejam removidas e que vivamos na mata (ou no que nos restou dela, já que nós a destruímos), em bandos separados em um confronto que tenderá a nossa própria destruição: sem leis, sem regras, sem civilidade. Então o que o brasileiro é se indago aqui ironicamente o seu status de cidadania? E não o comparo aos indígenas ou outras culturas distantes dos modelos urbanos e modernos, pois nesse caso, acredito que organização social desse povo não é tão caótica quanto o sistema social brasileiro. E o índio nem precisa ir à escola para compartilhar de certas leis em suas comunidades, diferente do brasileiro, que pobre ou rico, parece um animal selvagem que não vive em uma comunidade humana. Hoje, quase fui atropelado em frente à academia onde malho. Uma animal selvagem (eu acho que nem os animais merecem essa metáfora, talvez eu devesse dizer: monstra selvagem), dirigindo um carro estava dando ré para estacionar em um local ILEGAL. Ela ia contra o fluxo de carros que vinham por trás dela e sentia-se no direito descarado de transgredir e impor a sua subjetividade e pessoalidade. Não havia carros nesse momento passando pela rua, então atravessei para o outro lado, quando percebo que ela aumenta a velocidade em minha direção. Eu não posso dizer nesse momento que ela tenha me visto e eu acredito que ela não me viu (eu espero). Mas o que me incomoda é exatamente isto: como é possível alguém dirigindo um carro acreditar que a rua, um espaço público é o seu espaço privado, a sua casa, o seu reduto? Ainda mais em um local ilegal de se estacionar? É claro que quem compartilha com esse tipo de pensamento é, de maneira geral, ricos ou pobres, brasileiro. Eu me incomodo bastante com isso. É comum no Brasil existirem, talvez pelo caráter de cultura latina, relações extremamente pessoais e emotivas. O problema dessa “pessoalidade” está muito relacionado à política brasileira e também ao exercício da cidadania. Sobre a política, nem a burocracia, como forma de administração pública, “deu um Jeito” na pessoalidade de nossos políticos e funcionários públicos, que trazem as suas
vidas para questões representativas, de âmbito nacional, ou seja, muitas vezes, eles não exercem função pública, exercem funções para si mesmos e legitimam esse comportamento porque as regras de convivência nesse país permitem que algumas leis e regras não sejam cumpridas para que não se seja antipático e para que haja identificação momentânea entre os interlocutores e as barreiras socioeconômicas, ainda que momentaneamente sejam desfeitas. Sobre o exercício da
cidadania, especialmente em casos que haja identificação entre os interlocutores, o processo de interação faz-se muito próximo e pessoal, eu diria pessoal demais. E eu também diria que intimidade, principalmente em demasia, é uma arma contra cada um dos interlocutores. Nesse processo, caso haja discordância, apela-se necessariamente para outro ponto de concordância: “Ele é corno, mas é meu amigo, é zé-ruela mas é meu amigo, ele é viado, mas é meu amigo, ele pode ter
defeito, mas é meu amigo).” Se não se encontra essa harmonia, de acordo com Lívia Barbosa (sobre o jeitinho brasileiro), apela-se para outra estratégia: “Você sabe com quem está falando?”. Mas é preciso ter “cacife” para que se diga isso. Muitas vezes, esse excesso de intimidade impede o exercício da cidadania para que se seja cordial.
Que tal Ordem e Progresso?A frase "Ordem e Progresso" foi inspirada em um lema do positivismo, corrente filosófica popular na época da criação da bandeira nacional, no final do século 19. A frase original do filósofo Augusto Comte, dizia "Amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim."
O que faz mais sentido do lema positivista Ordem e Progresso?Seu significado é: O Amor deve sempre ser o princípio de todas as ações individuais e coletivas. A Ordem consiste na conservação e manutenção de tudo o que é bom, belo e positivo. O progresso é a consequência do desenvolvimento e aperfeiçoamento da Ordem.
O que pretendiam os republicanos brasileiros ao defender as ideias de Ordem e Progresso?"Eles defendiam uma reforma da sociedade na qual o progresso, a moral, a ordem se estabelecessem por meio de uma nova hegemonia política e social.
Porque está escrito Ordem e Progresso na bandeira do Brasil?O lema escrito na bandeira, "Ordem e Progresso", tem inspiração em uma frase de Augusto Comte, criador da filosofia positivista, que diz: "O amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim". "Comte acreditava que o funcionamento da sociedade deveria promover o bem-estar.
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