O que defende o movimento indígena?

A partir de um encontro com 60 lideranças, de um documento elaborado pelo Observatório do Clima e uma carta entregue a Lula (PT) durante a campanha, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) elaborou um plano de governança indígena para os primeiros 100 dias do governo petista.

A participação de representantes do movimento no governo, o avanço nas demarcações e a imediata revogação de atos normativos que atacam os povos originários são algumas das demandas. Entre as normas que a Apib defende anular, está um parecer da Advocacia Geral da União (001/2017) que restringe a demarcação de terras indígenas com base na tese do marco temporal e uma instrução normativa da Funai (09/2020) que facilita a sobreposição de empreendimentos e propriedades privadas em terras indígenas.

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"Após o fim do processo eleitoral, há uma avaliação super positiva do movimento indígena. Tivemos em pauta durante a campanha e agora é essencial que o próximo governo entenda a importância de ter um diálogo próximo do movimento", avalia a Kleber Karipuna, coordenador executivo da Apib.

A Articulação entregou uma carta para Geraldo Alckmin, vice-presidente eleito e coordenador da comissão de transição do governo Lula, indicando três lideranças indígenas para compor a equipe dedicada a essa troca de comando do Planalto. O conteúdo do documento ainda não foi tornado público.

Além disso, o Fórum Nacional de Lideranças Indígenas, realizado na primeira semana de novembro em Brasília, destacou um grupo de trabalho com 10 integrantes para acompanhar o processo de transição. O objetivo é que o grupo subsidie, com propostas do movimento, a constituição do novo governo.

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Os eixos prioritários 

Com seis eixos temáticos, o plano traçado pela Apib pretende orientar a reconstrução da política indígena do governo federal, no intuito de recuperar e fortalecer direitos atacados durante os quatro anos Jair Bolsonaro (PL) na presidência.

São eles: direitos territoriais indígenas: demarcação e proteção; reestabelecimento e criação de instituições e políticas sociais para os povos originários; criação de instituições e espaços de participação e controle social; agenda legislativa: interrupção de iniciativas anti-indígenas no Congresso e ameaças no Judiciário; agenda ambiental; e, por último, articulação internacional.

"Durante os últimos quatro anos vimos a política indígena e ambiental brasileira ser desmontada. Queremos a revogação das leis e a paralisação dos PLs que nos atacam e incentivam a invasão dos territórios ancestrais", destaca Eunice Kerexu, também coordenadora da Apib. "Queremos ser ouvidos e consultados, algo que está previsto na Convenção n. 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e não foi respeitado por Bolsonaro", completa.

Edição: Nicolau Soares


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O que defende o movimento indígena?

segunda-feira, 19 de Novembro de 2018

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Evento no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília, marcou os 30 anos do reconhecimento dos direitos indígenas na Constituição e debateu cenário de ameaças

O que defende o movimento indígena?

O movimento indígena e as organizações da sociedade civil que o apoiam reforçaram o compromisso de defender os direitos indígenas previstos na Constituição. Também enfatizaram a necessidade de formação de uma frente ampla, com diversos setores da sociedade, para resistir a qualquer retrocesso na aplicação desses direitos. Essa mobilização ganha ainda mais importância num cenário de graves ameaças aos povos indígenas e ao meio ambiente.

O que defende o movimento indígena?

Foram esses os recados dados, no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília, na tarde de hoje (19), num ato que celebrou os 30 anos do reconhecimento dos direitos originários dos povos indígenas pela Constituição. Participaram lideranças indígenas de várias regiões do país, representantes da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e de organizações indigenistas, entre elas o ISA. O evento foi organizado pela Apib e Mobilização Nacional Indígena, com apoio do Memorial dos Povos Indígenas no âmbito do projeto Culturas Vivas.

“Precisamos garantir e defender um processo contínuo de mobilização e uma articulação mais ampla com o restante da sociedade que reconhece a importância dos povos e das terras indígenas. Isso será fundamental não só para resistir agora, mas também estabelecer as bases para voltarmos a avançar tão logo a maré mude ”, pontuou a coordenadora de Política e Direito do ISA, Adriana Ramos.

Como vários dos outros participantes do evento, ela concordou que, depois de um período de avanços e conquistas para os povos indígenas, temos uma perspectiva de retrocessos. Por outro lado, também foi consenso que a sociedade já consolidou políticas e instituições que podem ser usados para impedi-los, como o Ministério Público Federal, a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas (PNGAT), os protocolos comunitários de consulta e a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que prevê o direito de oitiva sobre qualquer medida que afete os territórios de comunidades indígenas e tradicionais.

“Estou bastante preocupada com as discussões que estão se agravando e com as invasões das Terras Indígenas, com projetos de mineração que se pretende aprovar a qualquer custo. Devemos ficar muito atentos a isso”, alertou Joênia Wapichana (Rede-RR), a primeira deputada federal indígena eleita. Ao criticar as propostas e projetos que pretendem abrir as Terras Indígenas (TIs) à exploração econômica predatória, ela repetiu um dos bordões do ISA: “Desenvolvimento sim, de qualquer jeito, não!”.

“Temos a preocupação com o momento que vivemos, quando se aproxima o momento de tomar posse um novo governo, depois de ser feita uma propaganda durante a campanha de que não se demarcaria nenhum centímetro a mais de TIs. Estamos nos preparando para esse novo desafio”, afirmou Alberto Terena, da coordenação da Apib. “A Constituição nos garante o direito originário [sobre nossas terras]. Aqui estávamos e aqui vamos continuar”, concluiu.

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Qual foi o objetivo do movimento indígena?

O que busca o movimento indígena? Os indígenas possuem como objetivo central de sua movimentação política a conservação e delimitação de áreas indígenas, ou seja, terra. Porém, esse conceito é muito mais amplo do que o conceito literal.

Qual é a principal luta dos indígenas?

Para além dos desafios territoriais, os povos indígenas enfrentam, ainda nos dias de hoje, problemas com racismo, preconceito, violação aos direitos das mulheres indígenas, falta de acesso à saúde e serviços públicos, além da alimentação escassa e pobre em nutrientes.

Quais são as principais reivindicações do movimento indígena?

Entre as reivindicações do povos indígenas estão a defesa de direitos, regularização das terras indígenas e proteção dos territórios, garantia dos serviços de saúde, proteção do meio ambiente e outros.

Quais as características do movimento indígena?

O movimento indígena brasileiro tem se caracterizado pela atuação em três frentes: formação de lideranças próprias, articulação entre os povos e parceria com entidades de apoio e com o Estado.