O que acontece se eu parar a cartela de anticoncepcional na metade?

A interrupção do método contraceptivo pode causar algumas mudanças no organismo; saiba quais são

É comum que as mulheres ainda tenham dúvidas sobre os efeitos que a pílula anticoncepcional causa no corpo. Quando ela é a opção escolhida como método contraceptivo ou para o tratamento de doenças ginecológicas, é esperado que essa nova dosagem de hormônio diária provoque certas alterações no organismo.

Entretanto, essas mudanças também geram receio e preocupação na hora de encerrar o uso do método. É possível que, ao parar de ingerir a pílula, o corpo manifeste alguns tipos de reações - desde fatores mais simples, como modificações temporárias no ciclo menstrual, até alterações na saúde da pele.

O acompanhamento ginecológico nesse processo é uma das maneiras de entender a resposta do nosso sistema ao parar ou trocar de anticoncepcional, já que o médico poderá orientar as melhores alternativas para lidar com as possíveis reações. Confira a seguir algumas mudanças que ocorrem no corpo ao parar de tomar a pílula:

Foto: shutterstock/goffkein.pro

Uma das principais dúvidas está relacionada à menstruação. O uso contínuo da pílula anticoncepcional é capaz de causar a regularização do ciclo menstrual, o que é algo buscado por muitas mulheres. Logo, é possível que, ao interromper o método, haja o receio de que o ciclo se torne mais intenso.

"Talvez, isso possa acontecer na primeira menstruação após a interrupção do medicamento. Depois disso, o ciclo volta a ser como era antes do uso da pílula, de acordo com o funcionamento do corpo de cada mulher", explica o ginecologista e obstetra Marcos Tcherniakovsky.

De acordo com o especialista, quando acaba a pílula, a mulher deixa de receber seus hormônios diariamente. A partir desse momento, com o retorno do funcionamento normal do organismo, a menstruação volta em cerca de dois ou três dias.

"É importante não confundir o sangramento após parar de tomar a pílula, que é a menstruação comum, com o sangramento que ocorre enquanto a mulher ainda toma o remédio. Este é conhecido como escape e pode decorrer de estresse ou imunidade baixa", conta o médico.

Foto: shutterstock/Africa Studio

Marcos explica que, a partir do momento da interrupção do contraceptivo, o ovário já retoma o trabalho que não era feito devido aos hormônios da pílula - que é amadurecer e liberar o óvulo mensalmente, processo chamado de ovulação.

Portanto, após suspender o uso da pílula, já existe o potencial de gravidez. Nessa fase, o acompanhamento médico é essencial para realizar checagens e identificar se não há problemas que impedem a gestação.

Foto: shutterstock/Dean Drobot

Cada organismo se manifesta de uma maneira diferente com o fim do consumo da pílula. Dessa forma, o ideal é que o ginecologista indique opções de tratamento para que a mulher lide com as reações que surgiram em seu corpo. Alguns dos possíveis efeitos colaterais são:

  • Menstruação desregulada
  • Aumento da cólica menstrual
  • Aumento da oleosidade e da acne na pele
  • Aumento da libido
  • Melhora nas dores de cabeça
  • Retenção de líquido temporária

De acordo com o ginecologista Marcos Tcherniakovsky, para que haja a possibilidade de manter o fluxo menstrual regular, o ideal é que se termine a cartela antes de realizar a suspensão completa da pílula.

"No entanto, é possível que a mulher interrompa a cartela antes do final sem maiores prejuízos. Isso apenas vai antecipar a menstruação, que ocorrerá em cerca de dois a três dias. Da mesma forma, se a mulher decide emendar uma cartela na outra, pode adiar a menstruação, que só volta a acontecer quando acabar a cartela", finaliza o especialista.

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1 em cada 3 leitoras do Minha Vida usam pílulas anticoncepcionais para evitar a gravidez, diz a pesquisa “Ciclos Menstruais”, feita pelo Minha Vida em dezembro de 2017. Mas, entre elas, temos certeza que uma grande parte já esqueceu de tomar algum das pílulas da cartela.

Acredito que pelo menos 50% de minhas pacientes já relataram esquecimento em algum momento da vida, comenta a ginecologista Paula Fettback, especialista em reprodução humana da Clínica Mãe (SP).

Se esse é seu caso agora, fique calma! Conversamos com especialistas que explicam tintim por tintim o que fazer nesse momento:

Por que esquecer a pílula é tão alarmante?

A eficácia da pílula anticoncepcional está diretamente ligada à frequência com que ela é tomada. “Embora o anticoncepcional oral tenha uma ótima eficácia, esta pode estar diminuída devido ao esquecimento ou atraso na sua tomada, resultando em sangramentos inoportunos ou gravidez”, considera o ginecologista Eddy Nishimura, do Hospital Santa Cruz (SP).

No entanto, ao esquecer, as chances de engravidar e o melhor a se fazer varia muito conforme a semana da cartela:

Esqueci a pílula na 1ª semana

Se o prazo do esquecimento não passar de 12 horas, você pode tomar a pílula sem problemas e continuar a cartela normalmente. “Caso seja mais do que isso, orienta-se que a paciente tome a pílula, mas fique consciente de que a contracepção não pode estar garantida nestes casos”, ressalta a ginecologista Paula.
Nessa fase, o ideal é passar o mês todo usando camisinha masculina ou feminina, já que a eficácia do anticoncepcional pode estar comprometida. No entanto, essa orientação muda conforme a bula do medicamento.

Esqueci a pílula na 2ª semana

Tomar corretamente por sete dias já garante uma maior proteção contra a gravidez. “Por isso, pode tomar a pílula faltante mesmo que junto que a seguinte, mas a contracepção de emergência não será necessária”, explica o ginecologista Nishimura.

Mas, se você não se sentir segura, pode sim usar a camisinha como método de proteção adicional. Algumas pílulas recomendam esse uso de qualquer forma por entre 7 e 9 dias depois do esquecimento.

Esqueci a pílula na 3ª semana

“Quanto mais próximo o esquecimento foi da pausa sem pílula, maior seria a possibilidade de falha da pílula”, considera o especialista.

Portanto, se houver esquecimento nessa fase, o ideal é sempre usar um outro método contraceptivo.

Se o esquecimento foi no começo dessa semana, pode tomar a pílula normalmente. Mas, se estiverem faltando uns dois dias e você não fizer uso contínuo do anticoncepcional, você pode interromper a cartela e dar sua pausa normal, indica Paula Fettback.

Esquecimento por mais de 24 horas

Se você esquecer uma pílula e atrasar a seguinte, os problemas na eficácia do anticoncepcional são ainda maiores e o ideal é tomar então dois comprimidos e se proteger com a camisinha. “Nesses casos orientamos sobre os riscos de ovular e/ou ter escapes”, contextualiza Paula.

E se eu esquecer mais de uma vez seguidas?

Por mais que os métodos anticoncepcionais atuais sejam muito seguros, não há milagres: a partir de dois dias já impõe problemas e métodos de barreira devem ser considerados.

Dependendo do número de comprimidos tomados o ideal pode ser a interrupção da cartela, aguardar menstruar e recomeçar uma nova cartela, considera o ginecologista Vamberto Maia, também da Clínica Mãe (SP).

Caso faça menos de sete dias que ela começou a cartela, ela deve emendar uma nova, usando o método adicional de proteção. “Se ela tiver um sangramento normal, recomenda-se parar de tomar a cartela atual e iniciar uma nova cartela”, considera Nishimura.

E se eu esquecer a primeira pílula da cartela?

Depende muito do anticoncepcional, normalmente você pode começar no dia seguinte normalmente. “Mas associe a um método de proteção adicional por 7 dias, se o esquecimento for maior que 12 horas”, ressalta Nishimura.

Posso usar uma pílula do dia seguinte quando eu esquecer a diária?

A pílula do dia seguinte normalmente é indicada quando a pessoa não usa nenhum outro método contraceptivo, pois tem uma carga hormonal alta.

No caso de uma pessoa que já toma anticoncepcional, portanto, é preciso ter cuidado ao usá-la. Depende do número de pílulas esquecidas e da fase da cartela que estiver. O ideal é conversar com seu médico.

“Mas é sempre bom lembrar que o correto é não esquecer de tomar diariamente a pílula e associar preservativo para se proteger de DSTs”, frisa Vamberto Maia.

Fonte:
Minha Vida

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