Normas e orientações Técnicas para Vigilância e Controle de Aedes aegypti

Passo a passoCombate ao mosquito

1) Identificação de criadouros

É preciso realizar as inspeções em todas as áreas da cidade, identificando os locais com potencial para criadouro nas vias e áreas públicas e imóveis. O Agente de Combate de Endemias tem como uma de suas atribuições realizar essa inspeção.

CRIADOUROS (RECIPIENTES PROPÍCIOS AO AEDES AEGYPTI)

Todo local que acumule água é um criadouro para o mosquito Aedes aegypti. Assim, coleções de água que vão desde os reservatórios até tonéis e vasilhames utilizados para armazenamento de água no ambiente doméstico, como também, ambientes ornamentais e de lazer (piscinas, chafarizes, fontes com água não tratada), resíduos sólidos (lixo) e inservíveis descartados (móveis, sucatas, pneumáticos, objetos e materiais diversos), entre outros, são potenciais focos do mosquito que devem ser alvo de sistemático e permanente controle para o combate do Aedes aegypti.

Confira o infográfico “Dengue: principais criadouros”, desenvolvido pela Fiocruz.

É preciso articular os diferentes atores sociais para realizar mutirões de limpeza e ações educativas para combate do mosquito.

2) Controle mecânico

O controle mecânico é a ação mais eficiente para o controle do mosquito!

Como o mosquito prolifera:

A fêmea do Aedes aegypti coloca os ovos na parede do recipiente acima da linha da água. Nesses locais, os ovos permanecem aderidos, com potencial de desenvolvimento, por mais de 365 dias. Mediante condições favoráveis de clima (calor e umidade), esses ovos eclodem, liberando as larvas que evoluem até o mosquito adulto.
A água corrente é capaz de varrer os ovos que estão aderidos em superfícies diversas, impedindo que se transformem em larvas, porém, nos locais onde há água parada, as larvas se desenvolvem.

Como evitar que os ovos do mosquito eclodam:

A medida de maior eficácia é evitar o acúmulo de água.
Nos sistemas de esgotamento, é fundamental a desobstrução de canais de drenagens, valas, valões e valetas, de forma a liberar a fluidez das correntes de água e possibilitar o deslocamento do volume líquido (águas servidas/esgoto ou da chuva), carregando as larvas e/ou os ovos e impedindo a evolução para o mosquito. Em recipientes com potencial para se transformar em criadouros, é preciso escovar semanalmente a superfície para remover os ovos. Exemplos: bebedouro de animais, chafariz etc.
Ações de limpeza e de controle de mosquito devem ser organizadas com cronograma conjunto entre diferentes setores responsáveis e com supervisão diária da Secretaria Municipal de Saúde.

3) Supervisão do trabalho das equipes de controle de endemia e revisão periódica dos potenciais criadouros

A supervisão é responsável pelo planejamento do trabalho das equipes de controle de endemias, pelo monitoramento das ações, verificando se os processos de trabalho e a produtividade estão adequados, e pela checagem da disponibilidade de materiais, equipamentos e insumos.

Veja a quantidade de supervisores necessária e as atribuições dos supervisores na página 61 das Diretrizes Nacionais de Prevenção e Controle da Dengue.

As atribuições dos agentes de endemias e da supervisão dos mesmos estão definidas nas páginas 63 e 64 das Diretrizes Nacionais.

4) Controle com larvicida

O uso de larvicidas é medida secundária ao controle mecânico. Seu uso é indicado somente em locais onde o controle mecânico apresenta-se inviável (coleções de água, como fontes ornamentais onde não é possível a criação de peixes, por exemplo. No caso de caixas d'água destampadas, pode ser utilizado larvicida como medida transitória, sendo que as providências para o fechamento das mesmas devem ser desencadeadas imediatamente).

Larvicidas Químicos

O uso de larvicidas deve seguir critérios tecnicamente definidos quanto aos locais de aplicação e a quantidade preconizada, respeitando o volume de água existente e tendo em vista a diluição do produto em uso. Além disso, a utilização deve ser adequadamente monitorada a fim de evitar danos ao ambiente e resistência do mosquito ao produto.

Larvicida em água para consumo humano:

No caso de o fornecimento de água para consumo humano ocorrer em condições precárias, todos os esforços deverão ser empreendidos no sentido de garantir o suprimento de água potável para consumo da população através de adequado sistema de captação, armazenamento e distribuição nos domicílios.

O Ministério da Saúde, com respaldo da OMS1, indica o uso do larvicida químico Pyriproxyfen, em caminhões pipa e em recipientes utilizados para armazenamento precário de água para consumo humano, quando esgotadas todas as possibilidades de disponibilizá-la adequadamente e mediante rigoroso controle técnico.

Esta indicação considera que o uso de quantidades pequenas do larvicida não causa dano à saúde.

Entretanto, o uso de larvicida em água para consumo humano é controverso. Existem poucos estudos em humanos e estudos em mamíferos indicam que o Pyriproxyfen pode causar desânimo, redução do consumo alimentar e do ganho de peso, perda de massa muscular, diarreia, alterações respiratórias, vômitos raros, além de emagrecimento e anemia2, 3. Verificou-se alterações esqueléticas e digestivas entre fetos de ratos alimentados por este produto4. O Pyriproxyfen, em trabalhadores com exposição repetida, pode ter efeitos no sangue e no fígado, resultando em anemia e lesões teciduais. Estudo in vitro aponta o Pyriproxyfen como disruptor endócrino.4, 5,6

Como a água para consumo humano é armazenada em recipientes, a primeira opção sempre é tampá-los, para evitar a postura de ovos e, quando isto não for possível, deve-se escová-los semanalmente para remover os ovos.

Para mais informações e orientações, acesse os documentos, a seguir:

  • Controle Químico - Diretrizes Nacionais de Prevenção e Controle da Dengue
  • Instruções para o uso de Pyriproxyfen

Larvicidas Biológicos

O larvicida biológico tem efeito com duração menor e não cumulativo, por isso, não agride o meio ambiente e não deixa resíduos tóxicos – não sendo agressivo a seres humanos, animais domésticos, aves, peixes e plantas. Sua ação deve-se a uma bactéria (Bacillus Thurigiensis, variedade Israelensis BTI), que contém cristais de proteína que são ingeridos pelas larvas dos mosquitos, acarretando a morte da mesmas em 24-48 horas após a aplicação.

CaracterísticasQuímicoBiológico
Resistência do mosquito ao larvicida Sim Não
Efeito acumulativo no ambiente Sim Não
Duração do efeito Maior Menor
Resíduos tóxicos Sim Não
Danoso ao meio ambiente Sim Não
Danoso a humanos Sim Não
Danoso a animais domésticos Sim Não
Danoso a aves, peixes e plantas Sim Não
Custo Menor Maior

5) Controle químico com inseticida

O controle químico deve, por princípio, ser evitado, principalmente quando existem alternativas que só apresentam benefícios. A diretriz nacional para o controle do Aedes aegypti, orienta que “é fundamental o uso racional e seguro dos inseticidas nas atividades de controle vetorial, tendo em vista que seu uso indiscriminado determina impactos ambientais, além da possibilidade de desenvolvimento de resistência dos vetores aos produtos”.

“Fumacê” veicular: pouco efetivo e poluente

A aplicação de inseticida químico UBV (ultra baixo volume), popularmente conhecido como “fumacê”, em condições ideais de aplicação (vento inferior a 6 km/h, temperatura e pressão atmosférica adequadas e aplicado ao amanhecer ou anoitecer), elimina, no máximo, 80% dos mosquitos que se encontram naquele momento, no perímetro onde a borrifação alcança.

Após sua aplicação, o inseticida se deposita no solo, sendo drenado para a água, causando poluição ambiental, além disso, o inseticida lançado no ambiente através de borrifação espacial não será seletivo para mosquitos podendo atingir pássaros, abelhas, borboletas e outros animais, inclusive, os predadores dos próprios mosquitos que, no ecossistema em equilíbrio, ajudariam a manter a população do Aedes aegypti sob controle.

Por isto, as Diretrizes Nacionais de Prevenção e Controle da Dengue estabelecem que o fumacê só deve ser utilizado para bloqueio de transmissão e para controle de surtos ou epidemias. Conforme a OMS, considera-se que há surto ou epidemia de Dengue quando são registrados 300 casos a cada 100.000 habitantes/mês. A epidemia de Zika em nível nacional não é suficiente para justificar o uso do fumacê nos municípios em geral. O parâmetro usado para a Dengue deve ser utilizado para arboviroses transmitidas pelo Aedes aegypti até que se tenham parâmetros mais específicos.

A utilização do inseticida químico deve levar em consideração o ambiente (características geográficas e topográficas) de cada região ou município. Deve-se considerar, prioritariamente, o uso de equipamentos de UBV portáteis, dirigindo a borrifação focalmente.

Tipos químicos e seus efeitos na saúde e no ambiente

Atualmente, o inseticida disponibilizado pelo Ministério da Saúde para o controle químico do mosquito é o Malathion. Isto ocorre porque o mosquito já está resistente a diversos outros inseticidas, como o Lambdacialotrina (artigos de referência: 1, 2). Os compostos presentes nos inseticidas, organofosforados e piretroides, causam graves efeitos deletérios para o sistema nervoso central e periférico das pessoas, além de provocarem náusea, vômito, diarreia, dificuldade respiratória e sintomas de fraqueza muscular. Além disso, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer classificou o inseticida Malathion como provavelmente carcinogênico para humanos. Ademais, esses compostos também são bastante tóxicos para outros animais, tais como aves, abelhas, mamíferos, peixes etc.

Veja nas Diretrizes Nacionais de Prevenção e Controle da Dengue, página 58, orientações sobre o controle químico.

Responsabilidade pela compra de inseticida

A aquisição de inseticidas para uso em saúde pública é de responsabilidade do Ministério da Saúde e está sustentada em uma política de gestão de insumos estratégicos, conforme determinação da Portaria MS/GM nº 1.172, de 17 de junho de 2004, sendo vedada aos municípios a sua aquisição.

A população não deve usar produtos químicos como ‘primeira escolha’. É necessário estudo especializado, conhecimento técnico, monitoramento e prudência, em razão dos riscos potenciais à saúde e ao ambiente.

Saúde do trabalhador

Equipamentos de Proteção Individual (EPI) são insumos necessários à segurança do trabalhador durante a aplicação de inseticidas. A indicação do tipo de EPI leva em consideração os riscos inerentes a cada uma das atividades desenvolvidas. As especificações técnicas completas dos diversos EPI são apresentadas nas Diretrizes Nacionais de Prevenção e Controle da Dengue.
Os trabalhadores precisam ser submetidos a exames médicos admissionais, periódicos e demissionais conforme definição da Norma Regulamentadora 7. Esta norma prevê o monitoramento da colinesterase em trabalhadores que aplicam inseticidas organofosforados e carbamatos nas atividades de controle vetorial. Conforme prevê a Norma Técnica nº 165/2008, deverão ser adotados os métodos espectofotométricos ou colorimétricos. A realização desses exames é de responsabilidade do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). Trabalhadores grávidas, hepatopatas, portadores de problemas respiratórios crônicos, problemas renais e outros problemas crônicos de saúde não podem ter exposição a produtos químicos.

Abordagem de longo prazo

É importante que o combate ao mosquito tenha um foco de longo prazo e esteja vinculado à redução de desigualdades sociais, incluindo a ampliação do abastecimento regular de água, a melhora do sistema de coleta de lixo, a universalização do saneamento básico e cuidados com urbanismo que evitem acúmulos de água nas construções e nos espaços públicos.

Quais as principais medidas de combate ao mosquito Aedes aegypti?

Combate ao mosquito.
Verificar se a caixa d'água está bem tampada..
Deixar as lixeiras bem tampadas..
Colocar areia nos pratos de plantas..
Recolher e acondicionar o lixo do quintal..
Limpar as calhas..
Cobrir piscinas..
Tapar os ralos e baixar as tampas dos vasos sanitários..
Limpar a bandeja externa da geladeira..

Quais são as medidas para prevenção contra a dengue?

1 - Mantenha bem tampados: caixas, tonéis e barris de água. 2 - Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha a lixeira sempre bem fechada. 3 - Não jogue lixo em terrenos baldios. 4 - Se for guardar garrafas de vidro ou plástico, mantenha sempre a boca para baixo.

Quais são os métodos de controle biológico que podem ser utilizados para o controle da dengue?

Para a prevenção da dengue, recomenda-se que os focos do mosquito sejam reduzidos através da eliminação de água parada, limpeza de calhas e lajes, além de manter caixas d'água e cisternas tampadas.

Como é feito o controle do vetor da dengue?

No combate a vetores, são utilizados produtos formulados de acordo com a fase e o hábito. Podem ser classificados como larvicidas (alvos nas fases larvárias) ou adulticidas (insetos adultos), para o qual se utilizam aplicação residual ou aplicação espacial.