Explique porque a Química orgânica estuda algumas substâncias que não

Quais são as propriedades peculiares do carbono?

Explique porque a Química orgânica estuda algumas substâncias que não

A expressão “composto orgânico” surgiu há mais de 200 anos, referindo-se às substâncias produzidas por organismos vivos. Atualmente, são chamados assim os compostos que contêm carbono, sejam estes produzidos ou não por organismos vivos.

A química orgânica é a parte da química que estuda as propriedades, métodos de obtenção e aplicações dos compostos formados por átomos de carbono. Possui um papel muito importante na compreensão das propriedades dos plásticos, detergentes, medicamentos, e também dos processos que ocorrem nos seres vivos.

Este átomo apresenta algumas características que o transforma em um elemento peculiar na natureza.

Mas por que o carbono? E que propriedades peculiares são essas?

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1- O carbono é tetravalente

Este átomo possui 4 elétrons em sua camada de valência, e, como é um ametal, pode formar ligações covalentes com outros átomos. Quantas ligações você acha que são? Uma, duas ou três? Quatro! Isso mesmo, o carbono é tetravalente, por fazer quatro ligações! Com esse nome parece até super herói.

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Até agora nada de extraordinário, né?! Já que existem outros elementos que também são tetravalentes…

Vamos à 2ª característica, então.

2- Formar quatro tipos diferentes de ligações

Como vimos no tópico anterior, o carbono faz quatro ligações. Vou repetir: o carbono sempre faz quatro ligações. Essas ligações podem se distribuir de quatro maneiras distintas, podendo aparecer como quatro ligações simples, uma dupla e duas simples, uma tripla e uma simples ou duas duplas. Olha só:

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E tem mais!

3- Formação de Cadeias

Os átomos de carbono podem unir-se, formando longas cadeias constituídas por dezenas ou até milhares de átomos ligados entre si. É graças a essa propriedade que surge a enorme variedade de compostos orgânicos responsáveis por funções vitais para organismos vivos, como carboidratos, proteínas, ácidos nucleicos, além dos materiais sintéticos como o polietileno, o PVC, etc.

Ligações, cadeia… Caraca! Me lembrei de uma piada, mas deixa para lá, no final eu conto…

4- Formação de Isômeros

Essa eu aposto que você não iria lembrar… Os carbonos são capazes de formar isômeros! Sabe o que isso significa? Não?!

Significa que compostos orgânicos com a mesma quantidade de átomos (mesma fórmula molecular) podem apresentar diferentes estruturas, ou seja, é capaz de formar substâncias diferentes, e, claro, com propriedades e nomes diferentes.

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Isômeros do C4H8

E, para finalizar, a piada:

— O que o carbono disse quando foi preso?

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— Eu tenho o direito de fazer 4 ligações!

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Ouça este artigo:

A química pode ser dividida em seis áreas do conhecimento: química geral e inorgânica (estuda os compostos inorgânicos e a estrutura da matéria), química orgânica (estuda os compostos de carbono, suas reações e propriedades), química analítica (estuda técnicas de identificação e quantificação de substâncias químicas), físico-química (estuda os aspectos termodinâmicos e cinéticos das substâncias e reações) e bioquímica (estuda a interação das substâncias químicas com organismos vivos).

A primeira utilização de compostos orgânicos pelo homem foi na descoberta do fogo; quase tudo que sofre combustão é um composto orgânico. Em resumo, toda a vida é baseada no carbono, desde o combustível que queimamos, até a constituição do nosso próprio corpo. Cerca de 60% da massa corpórea de um indivíduo é de compostos orgânicos (desconsiderando-se a água). A diversidade dos compostos orgânicos existentes também é grande, cerca de 20 milhões, entre naturais e sintéticos.

Entre o final do século XVIII e início do século XIX os cientistas começaram a dedicar tempo para entender a química dos organismos vivos, isolando e identificando substâncias presentes nos corpos. Nessa época, acreditava-se na Teoria da Força Vital de Berzelius, que postulava que os compostos orgânicos só poderiam ser produzidos por organismos vivos, dai o termo ‘química orgânica’. Alguns anos mais tarde, em 1828, Friedrich Wöhler conseguiu sintetizar em laboratório a substância ureia a partir de um composto inorgânico, derrubando a Teoria de Berzelius. Hoje, a química orgânica é a área que estuda os compostos de carbono com propriedades características, suas diferentes funções, comportamento espacial e reações.

A química orgânica pode ser subdividida em:

Estudo do carbono

É a parte da química orgânica que estuda o elemento carbono, utilizando o conhecimento de ligações químicas para determinar os tipos de ligações possíveis para o elemento e sua hibridização em cada caso, bem como sua capacidade de encadeamento e seu comportamento dentro das moléculas orgânicas.

Nesta seção também estudamos a classificação das cadeias de carbono e os princípios básicos de nomenclatura de cadeias.

Abaixo temos um resumo da regra de nomenclatura de cadeias orgânicas.

Nomenclatura: PREFIXO + INFIXO + SUFIXO (depende da função orgânica)

Sufixo Infixo
N° de Carbonos Saturação da Cadeia
1C MET Saturadas AN
2C ET
3C PROP Insaturadas
4C BUT
5C PENT 1 dupla EN
6C HEX 2 duplas DIEN
7C HEPT 3 duplas TRIEN
8C OCT 1 tripla IN
9C NON 2 triplas DIIN
10C DEC 3 triplas TRIIN
11C UNDEC

Estudo das funções orgânicas

O estudo das funções orgânicas é a área onde aprende-se a identificar as funções, seus grupamentos funcionais e sua nomenclatura oficial.

A tabela abaixo apresenta as principais funções orgânicas e seus respectivos grupamentos funcionais.

Função Grupo Funcional
Hidrocarboneto H, C
Álcool ‒OH
Fenol Ar‒OH Caromático
Éter ‒O‒
Aldeído
Explique porque a Química orgânica estuda algumas substâncias que não
Cetona
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Ácido carboxílico
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Éster
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Haleto orgânico ‒X (F,Cl, Br, I)
Haleto de ácido (F, Cl, Br, I)
Amina ‒NH2
Amida
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Nitrocomposto ‒NO2
Nitrila ‒CN
Ácido sulfônico ‒SO3H
Composto de Grignard ‒MgX (F, Cl, Br, I)

Propriedades dos compostos orgânicos

Estuda as propriedades inerentes a cada classe de funções e como estas interagem entre si. Dentre as propriedades estudadas estão temperatura de fusão, temperatura de ebulição, solubilidade, acidez e basicidade.

Em geral, todas as propriedades físicas dependem das interações intermoleculares presentes nos compostos. Vale lembrar a ordem de força das interações intermoleculares: Ligação Hidrogênio > Dipolo-dipolo > Van der Waals.

Isomeria

A isomeria é o fenômeno onde duas ou mais substâncias diferentes apresentam a mesma fórmula molecular e possuem diferentes fórmulas estruturais. Este ramo da química estuda as semelhanças entre cadeias carbônicas e funções, bem como seu comportamento espacial. A isomeria é dividida em plana (considera apenas a fórmula estrutural plana) e espacial (considera a fórmula estrutural espacial e a simetria da molécula).

É um campo importante pois a isomeria está presente principalmente em medicamentos, onde muitas vezes temos isômeros ativos (aqueles que tem interesse farmacológico) e inativos.

Reações orgânicas

As reações orgânicas ocorrem tanto em processos orgânicos quanto industriais, sendo assim, é importante o seu estudo para entendermos a bioquímica, os processos metabólicos e interações que ocorrem nos seres vivos. É uma área de grande incentivo de pesquisa em laboratórios e universidades pois é a base do desenvolvimento de remédios, processos da indústria alimentícia, dentre outros.

As reações orgânicas são divididas em substituição, adição e eliminação.

Reações de substituição: É uma reação de dupla troca onde um átomo ou grupo de átomos é substituído.

Exemplo:

CH4 + Cl2 → CH3Cl + HCl

Reações de adição: é a reação onde dois ou mais reagentes se unem para formar um só produto. Ocorre geralmente em compostos insaturados ou cíclicos.

Exemplo:

H2C=CH2 + H2 → H3C‒CH3

Reações de eliminação: É o oposto da reação de adição. Neste caso, um único reagente sofre um processo onde a molécula é quebrada em duas ou mais moléculas menores. Geralmente ocorre com utilização de um catalisador ou calor.

Exemplo:

CH3‒CH3 → CH2=CH2 + H2

Polímeros

Polímeros são macromoléculas formadas após uma reação de polimerização entre monômeros. Existem polímeros naturais, como as proteínas, a celulose e o látex, e existem polímeros sintéticos, que são sintetizados em laboratório de forma a “copiar” os naturais. Exemplos de polímeros sintéticos são os plásticos, o isopor e o nylon.

Dentre os polímeros sintéticos temos dois tipos: polímeros de adição e de condensação.

Polímeros de adição: os monômeros utilizados na produção desses polímeros devem apresentar pelo menos uma dupla ligação entre carbonos. Durante a polimerização, ocorre a ruptura da ligação π e a formação de duas novas ligações simples.

Exemplos: PET, PVC, PVA e borrachas sintéticas.

Polímeros de condensação: são formados pela polimerização de dois monômeros diferentes, liberando uma molécula pequena (geralmente a água) durante a condensação. Não é necessário que haja dupla ligação em um dos monômeros, mas é preciso que os dois sejam de funções diferentes.

Exemplos: poliéster, silicone, fórmica (baquelite).

Bioquímica

Neste ramo da química orgânica estudamos com mais aprofundamento as moléculas responsáveis pela constituição e manutenção da vida dos seres vivos. Dentre as principais biomoléculas estão os carboidratos, as proteínas e os lipídios.

Carboidratos: são polissacarídeos (açúcares), como a glicose e a frutose. Tem como função principal a de fornecer energia ao nosso organismo.

Proteínas: são polímeros de condensação naturais formados de até 20 aminoácidos diferentes. Tem como função constituir fibras musculares, cabelo e pele. Algumas funcionam como catalisadores em reações do organismo, sendo chamadas de enzimas.

Lipídios: são formados a partir da reação de um ácido graxo com o glicerol. Os mais importantes são os óleos e as gorduras. O triglicerídeo é um lipídeo que possui três grupamentos éster na sua estrutura.

Petróleo

O petróleo possui em sua composição principalmente hidrocarbonetos e seus componentes são de grande importância econômica. Aproximadamente 85% dos materiais obtidos a partir do petróleo são usados como combustíveis e os outros 15% na indústria petroquímica, como por exemplo, na produção de plásticos e asfalto. Por ser um material de tamanha importância, o estudo de seu processo de refino e craqueamento é um dos ramos de estudo da química orgânica.

Bibliografia:

Atkins, P.W., Jones, L., Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente 5ª ed., Porto Alegre: Ed. Bookman, 2012.

Usberco J., Salvador E., Química Geral, 12ª.ed., São Paulo: Saraiva, 2006.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/quimica/quimica-organica/

Explique porque a Química orgânica estuda algumas substâncias que não
O oseltamivir, representado na figura ao lado, é o princípio ativo do antiviral Tamiflu® que é utilizado no tratamento da gripe A (H1N1). Assinale a opção que NÃO indica uma função orgânica presente na estrutura da molécula do oseltamivir.

Porque a química orgânica estuda algumas substâncias que não estão presentes em alguns seres vivos?

Resposta. A orgânica estuda todos os compostos que contem em geral átomos de carbono . É impossível estudar todos os compostos orgânicos, sendo, assim estudam os que mais são acessíveis e por isso não necessariamente estão presentes nos seres vivos.

Por que alguns compostos de carbono não são objetos de estudos da química orgânica?

Os compostos formados apenas pelos elementos carbono e hidrogênio são, geralmente, considerados apolares por conta da baixa diferença de eletronegatividade. Caso o composto apresente outro elemento químico, como o nitrogênio, por exemplo, ele poderá apresentar polaridade.

Porque se acreditava que os compostos orgânicos não poderiam ser?

Acreditava-se que os compostos orgânicos não poderiam ser sintetizado porque essa substância eram produzidos a partir de uma força vital proveniente dos seres vivos.

Por que a química orgânica estuda?

A Química Orgânica é uma subárea da Química que estuda os compostos formados predominantemente por carbono e hidrogênio e suas estruturas, propriedades e reatividades. A Química Orgânica estuda os compostos orgânicos, moléculas formadas basicamente por carbono.