Como o desenvolvimento tecnológico alterou a forma de produzir e trabalhar nos setores da economia?

A Revolução Industrial no século XVIII trouxe enormes transformações nos meios de produção e no cenário urbano europeu. O pioneirismo inglês no processo de industrialização somente alimentou a força econômica que a Inglaterra exercia no mundo.

A ascensão industrial substituiu as manufaturas e a produção artesanal e acentuou o aumento da produção de mercadorias e a crescente busca por mercados consumidores. Com o desenvolvimento industrial, as paisagens urbanas foram se transformando radicalmente: uma rápida urbanização sem planejamento foi fator recorrente durante a industrialização.

No século XIX, com a 2ª Fase da Revolução Industrial, as novas tecnologias aplicadas às indústrias, às comunicações e aos transportes integraram cada vez mais as distantes e distintas partes do mundo, ocorrendo a chamada “compressão espaço-tempo”. Com a invenção do telefone, do trem a vapor e do automóvel, o deslocamento e a comunicação passaram a ser realizados de forma mais rápida.

Desde a segunda metade do século XX até os dias atuais, testemunhamos a revolução tecnológica empreendida pela produção e o fácil acesso às mais desenvolvidas tecnologias. Com um clique instantâneo, os indivíduos se comunicam a milhares de quilômetros de distância. Exemplos dessas tecnologias são os computadores e suas ferramentas (e-mail, bate-papo, chats, páginas de relacionamentos pessoais, dentre outros).

Nos dias atuais, o entendimento que tivemos da “compressão espaço-tempo” ampliou-se com o desenvolvimento tecnológico. Em poucas horas, uma pessoa se desloca entre qualquer parte do Brasil por meio do avião; nas cidades, enormes distâncias são percorridas desde a implantação dos serviços de metrô; e as cartas (antigas correspondências) foram substituídas pelo e-mail (mensagem instantânea), que não demora vários dias para chegar, como nos casos das cartas convencionais.

Assim, durante a 2ª Fase da Revolução Industrial, com a ascensão de novas tecnologias (produção do aço, do automóvel, da energia elétrica), as indústrias substituíram a mão de obra humana pela mecanizada. A partir de então, o número de trabalhadores desempregados aumentou significativamente, ocorrendo, também, a redução salarial. Em decorrência desses fatores, de 1870 a 1900 ocorreu a primeira crise do sistema capitalista, a chamada Grande Depressão.

As consequências dessa crise levaram à quebra e à falência de milhares de pequenas e médias empresas, que foram incorporadas por grandes empresas, formando, assim, as grandes indústrias ou os monopólios. A ascensão da classe trabalhadora (quase não existiam direitos trabalhistas nesse período) ficou estagnada durante esse processo, levando ao retraimento do mercado, pela redução da capacidade consumidora dos trabalhadores. No ano de 1929, o sistema capitalista passou pela segunda grande crise: milhões de empresas decretaram falência e muitas pessoas ficaram desempregadas.

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Hoje em dia, com o atual estágio da industrialização e com o desenvolvimento das automações (softwares, computadores que controlam as linhas de produção das indústrias) e da mecatrônica (que produz as automações), a situação da classe trabalhadora se encontra cada vez mais em risco.

Segundo o sociólogo alemão Ulrich Beck, “estamos convivendo com dois modelos de pleno emprego, os quais devem ser distinguidos com muito cuidado”, explica Beck, “um é o do Estado de Bem-Estar Social, modelo que previa, além do pleno emprego, seguridade social, plano de carreira para a classe média e estabilidade no emprego. O outro modelo é o que chamamos de emprego fácil ou flexível, que implica carga horária variável, atividades de meio turno e contratos temporários, nos quais as pessoas desempenham vários tipos de trabalho ao mesmo tempo” (GALISI FILHO apud CARDOSO, 2006, p. 20).

A partir da análise do sociólogo alemão, Beck, podemos concluir que o primeiro modelo de emprego prevalecente nos tempos atuais (o modelo que garante estabilidade e seguridade social e um plano de carreira) é aplicado nos países desenvolvidos, onde o governo financia e investe grandes recursos na qualificação profissional dos trabalhadores, garantindo a estes melhores condições de emprego e de vida. Já o segundo modelo, que é o emprego fácil, com carga horária variável e contrato temporário, é o que prevalece no Brasil e nos demais países emergentes, onde o governo não destina grandes partes dos recursos para a formação e a qualificação profissional dos trabalhadores, restando a estes um subemprego e péssimas condições de vida.

GASILI FILHO, José. Sociedade de risco. In: CARDOSO, Oldimar Pontes. História Hoje. História Contemporânea e História do Brasil (séculos XIX-XX). 7ª série. Ensino Fundamental. São Paulo: Editora Ática, 2006, p. 20.

O setor terciário reúne todas as atividades formais e informais associadas ao comércio e à prestação de serviços, como segurança, limpeza, finanças, turismo, educação e outros. É uma das áreas mais importantes da economia, por compreender ofícios essenciais à sociedade e, ainda, por alocar grande parte da mão de obra.

Esse setor apresentou um rápido crescimento à medida que se deu o desenvolvimento tecnológico e informacional, estando relacionado ainda à industrialização e à urbanização. À tendência de crescimento do setor terciário dá-se o nome de terciarização da economia.

Leia também: Trabalho informal – quando a atividade laboral não é regulamentada pelo Estado

Tópicos deste artigo

  • 1 - Resumo sobre setor terciário
  • 2 - O que é setor terciário?
    • Videoaula sobre setores da economia
  • 3 - Características do setor terciário
  • 4 - Atividades do setor terciário
  • 5 - Importância do setor terciário
  • 6 - Desenvolvimento do setor terciário
  • 7 - Setor terciário no Brasil
  • 8 - Exercícios resolvidos sobre setor terciário

Resumo sobre setor terciário

  • O setor terciário é um dos três setores da economia e compreende todas as atividades formais e informais de comércio e prestação de serviços;

  • Abrange profissionais como professores, advogados, técnicos de informática, profissionais da saúde, designers, faxineiros, motoristas, comerciantes e muitos outros;

  • Possui importância produtiva e econômica, uma vez que alia produtos e serviços essenciais a outros setores da economia e à sociedade, e é responsável por boa parte do PIB dos países, sobretudo os desenvolvidos, e pela concentração da mão de obra;

  • Cresce de forma proporcional à industrialização, à urbanização e ao desenvolvimento tecnológico, que, por um lado, gera novas profissões e, por outro, extingue postos de trabalho e obriga a realocação de trabalhadores.

  • No Brasil, o setor terciário responde por 70% da mão de obra.

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O que é setor terciário?

Setor terciário é um dos três setores da economia. Ele compreende todas as atividades econômicas de comércio e prestação de serviços, tanto formais quanto informais. É atualmente o setor que mais cresce em todo o mundo, tanto no que diz respeito à mão de obra quanto à participação na economia, e é bastante significativo nos países desenvolvidos.

  • Videoaula sobre setores da economia

Características do setor terciário

O setor terciário também é chamado de setor de serviços por agregar atividades de prestação de todos os variados tipos de serviços para a sociedade, num espectro amplo, que vai desde limpeza, atendimento ao consumidor, transporte, até suporte técnico, serviços do setor tecnológico e informacional e finanças de modo geral. Além disso, o terceiro setor é aquele encarregado pelo abastecimento do mercado e do fornecimento de produtos e mercadorias para os consumidores intermediários e finais, uma vez que integra todas as etapas do comércio e da logística.

As atividades inclusas no setor terciário são as formais, ou seja, aquelas com profissionais registrados nos meios burocráticos oficiais (apresentam carteira de trabalho), e as informais, profissionais autônomos sem registro qualquer.

Confira no nosso podcast: Quais riscos as novas formas de emprego oferecem para o trabalhador brasileiro?

Atividades do setor terciário

O setor terciário da economia compreende a maior diversidade de profissões e atividades profissionais. Na lista que trazemos abaixo, constam algumas das principais delas, mas existem muitas outras, de igual importância para a economia e para a sociedade.

  • Educação;

  • Informática e comunicação;

  • Programação;

  • Design;

  • Advocacia;

  • Mecânica;

  • Transporte e logística (por exemplo, motoristas);

  • Telemarketing e atendimento ao cliente;

  • Vendas e comércio;

  • Segurança;

  • Limpeza (urbana ou residencial);

  • Turismo (agentes, guias);

  • Finanças (profissionais do mercado financeiro);

  • Atividades hospitalares e da saúde em geral;

  • Restaurantes e bares.

Como o desenvolvimento tecnológico alterou a forma de produzir e trabalhar nos setores da economia?
O terceiro setor reúne uma grande variedade de profissionais de diversas áreas de atuação.

Importância do setor terciário

Do ponto de vista produtivo, o setor terciário é um dos mais importantes setores da economia, por agrupar atividades essenciais ao funcionamento de outras integrantes dos demais setores (primário e secundário). Ademais, ele é fundamental por causa da prestação de serviços básicos, extremamente úteis para a sociedade.

Do ponto de vista econômico, o setor terciário é responsável por uma grande parcela da receita de muitos municípios, estados e países e contribui enormemente para o desenvolvimento econômico destes, incluindo na composição de seu Produto Interno Bruto (PIB). Em escala mundial, o comércio e os serviços correspondem a aproximadamente 63% da economia do conjunto de países.

Além do mais, ainda tratando de sua importância econômica, o terceiro setor reúne uma porção expressiva de mão de obra, que no contexto global chega a quase 50% da População Economicamente Ativa (PEA). Nele se nota um processo acelerado de geração de postos de trabalho e alocação de pessoal, embora seja importante fazer a ressalva de que, especialmente nos países subdesenvolvidos, isso signifique um crescimento do trabalho informal.

Leia também: As transformações no trabalho ocasionadas pela Terceira Revolução Industrial

Desenvolvimento do setor terciário

O desenvolvimento tecnológico, a informatização da indústria e a adoção de maquinário moderno na atividade agropecuária são alguns dos fatores que contribuíram enormemente para o desenvolvimento do setor terciário da economia, uma vez que, nas demais atividades, muitos postos de trabalho acabaram sendo extintos. Pensando no processo de industrialização crescente e no surgimento de novos ramos produtivos, houve a criação de novas áreas demandantes de serviços específicos,como, por exemplo, a logística e a assistência técnica.

Notadamente nos países desenvolvidos, o crescimento do setor terciário está bastante associado à ampliação dos serviços tecnológicos e informacionais, bem como das atividades financeiras.

Como o desenvolvimento tecnológico alterou a forma de produzir e trabalhar nos setores da economia?
O avanço da tecnologia é um dos muitos fatores que condicionaram a expansão do setor terciário.

A urbanização, processo que aconteceu de forma acelerada nos países subdesenvolvidos a partir da segunda metade do século XX, contribuiu para a rápida expansão do setor terciário, em função do aumento da demanda por serviços urbanos e essenciais à manutenção dos espaços, bem como por causa do comércio. Em contrapartida, parte da população que migra para esses espaços e que possui baixa qualificação acaba por encontrar nesse setor seu sustento, principalmente em atividades informais.

Destaca-se ainda que o desemprego e crises conjunturais, como as crises econômicas, fazem com que os trabalhadores busquem por uma fonte de renda nova ou complementar nas atividades que compreendem o setor terciário. É nesse contexto que se observa o aumento da informalidade no mercado de trabalho e do subemprego.

Setor terciário no Brasil

Seguindo o processo de terciarização da economia, o Brasil experimentou rápido crescimento no setor terciário a partir da segunda metade do século XX, que coincidiu com a expansão das grandes cidades e aumento do processo de industrialização. Já na década de 1950, o setor terciário respondia por quase 50% do PIB brasileiro, muito à frente da indústria e da agropecuária. Atualmente, de acordo com os dados do IBGE para 2021, sabe-se que os serviços e o comércio representam uma parcela de pouco mais de 60% da economia do país.

O setor terciário é aquele que responde pela maior parte da população economicamente ativa empregada, o que se tornou uma realidade a partir da década de 1980. Nesse período, cerca de 45% das pessoascom ocupação no país estava alocada em atividades do setor terciário. Já na década de 1990, esse indicador representava mais de metade dos trabalhadores do país.

As informações do IBGE mostram que, hoje, o setor terciário abarca 70% dos postos de trabalho no país, tanto formais quanto informais. Além disso, é o setor que mais gerou empregos no Brasil nas duas últimas décadas.

Exercícios resolvidos sobre setor terciário

Questão 1

(FGV) Analise a distribuição da PEA (População Economicamente Ativa) por setor de atividade e assinale a alternativa que melhor explique seu significado.

Como o desenvolvimento tecnológico alterou a forma de produzir e trabalhar nos setores da economia?

a) Com maior contingente de trabalhadores no setor primário do que no secundário, pode-se afirmar que o Brasil, a despeito do crescimento econômico, ainda se mantém como uma economia agroexportadora.

b) O setor secundário emprega cerca de um terço do que emprega o setor terciário, o que indica que a economia brasileira é assentada mais pelo capital especulativo do que pelo capital produtivo.

c) O grande contingente de trabalhadores no setor terciário é típico de um país urbanizado, dado que as atividades deste setor são mais intensas em cidades.

d) O setor primário emprega 20,9% da PEA, o que indica que seu desenvolvimento é orientado por uma estrutura agrícola tradicional que demanda mão de obra numerosa.

e) Os setores primário e secundário empregam percentuais bem inferiores da PEA, em relação ao terciário, o que é um indicador de déficit na balança comercial, na medida em que demonstra que o país não produz a maior parte dos produtos industriais e agrícolas para atender à demanda interna.

Resolução: Alternativa C. O crescimento do setor terciário está diretamente relacionado à urbanização em decorrência da ampliação do comércio e da oferta de serviços. Dessa forma, países com maiores taxas de urbanização apresentam maior contingente populacional empregado no terceiro setor.

Questão 2

(UFV) Na maior parte dos países subdesenvolvidos, as diversas atividades do setor terciário ocupam uma porção relativamente muito importante da população ativa total (...), na realidade o setor terciário desses países aparece nitidamente hipertrofiado.

Adaptado de: LACOSTE, Yves. Geografia do subdesenvolvimento. São Paulo: Difel, 1966.

Das afirmativas abaixo, relativas à hipertrofia do setor terciário, assinale a VERDADEIRA:

a) Nos países subdesenvolvidos o setor terciário é hipertrofiado, pois ocupa grande parte da população ativa, sendo constituído por profissionais de alto nível de qualificação e especialização.

b) Nos países subdesenvolvidos a hipertrofia do setor terciário acontece pelo elevado número de pessoas empregadas neste setor, o que mostra sua importância no desenvolvimento desses países.

c) Nos países subdesenvolvidos o crescimento do setor terciário se dá basicamente pelo aumento do desemprego nos setores primário e secundário e do subemprego.

d) Nos países subdesenvolvidos o aumento do setor terciário indica um grande desenvolvimento econômico, pois esse setor é igualmente amplo nos países desenvolvidos.

e) Nos países subdesenvolvidos o setor terciário é hipertrofiado porque é maior que nos países desenvolvidos.

Resolução: Alternativa C. A extinção de postos de trabalho em função da automação de processos e adoção de novas tecnologias nos setores primário e secundário contribuem para o aumento do número de trabalhadores que se voltam ao setor terciário para conseguir uma fonte de renda. Além disso, a baixa qualificação profissional faz com que muitos desses trabalhadores acabem em subempregos, processo que se dá sobretudo nos países subdesenvolvidos.

Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia

Como o desenvolvimento da tecnologia impacta os setores da economia?

A tecnologia trouxe bastante melhorias à economia, pois permite que se criem melhores resultados nos estudos planejados, com menor esforço e custo, além de consentir que se crie um desenvolvimento muito mais aprofundado no produto final.

Qual é a relação entre desenvolvimento tecnológico e desenvolvimento econômico?

Dessa forma, pode-se afirmar que o desenvolvimento tecnológico leva ao crescimento econômico. A inovação tecnológica é um estimulo para o crescimento de um país, por implicar em criação, troca e evolução de novas ideias a fim de trazer progresso para toda aquela nação impulsionando a economia.

Quais foram as principais mudanças provocadas pelo desenvolvimento tecnológico no sistema produtivo?

Os efeitos das inovações tecnológicas relacionadas às condições de trabalho, vistos pelos entrevistados são: maior proteção do trabalhador nas áreas de insalubridade, diminuição de acidentes de trabalho, menor número de trabalhadores, e a dispensa da força de trabalho.

Qual o impacto do desenvolvimento tecnológico e da inovação na economia industrial?

As inovações tecnológicas estão causando impacto profundo nas empresas. Por conta disto, observa-se nos setores produtivos, a conjunção de novas formas de automação, tornando a produção mais integrada e flexível.