Como as mutações podem interferir na sequência de aminoácidos de uma proteína?

 ORIGEM DAS FORMAS AL�LICAS

            As formas al�licas surgem atrav�s do processo de muta��o. Esse termo foi criado para designar toda e qualquer altera��o do material gen�tico que fosse transmitida para a descend�ncia. Essa defini��o inclui as muta��es nas c�lulas germinativas e nas c�lulas som�ticas e, em rela��o ao tamanho, pode se referir tanto a grandes altera��es na informa��o gen�tica (muta��es gen�micas e cromoss�micas) quanto a altera��es em um n�mero menor de pares de bases (muta��es g�nicas).

CLASSIFICA��O DAS MUTA��ES

A) EM RELA��O � QUANTIDADE DE DNA ALTERADO

            A classifica��o mais antiga divide as muta��es em tr�s grupos (gen�micas, cromoss�micas e g�nicas), segundo a quantidade de DNA envolvido. Essa classifica��o foi proposta muito antes de se conhecer quais eram exatamente as altera��es que ocorriam no material gen�tico e quais os mecanismos moleculares que originavam essas altera��es.

             Para que seja detectada uma altera��o na estrutura de um cromossomo (por exemplo, aumento ou redu��o no tamanho de um bra�o cromoss�mico) � necess�rio que um fragmento de DNA com aproximadamente 5MB (uma MB = 106pb ou 1000 kb)  seja inserido ou removido. Devido a grande quantidade de DNA envolvido, as dele��es e duplica��es cromoss�micas correspondem a ganhos ou perdas de v�rios locos g�nicos simultaneamente e possuem efeitos fenot�picos not�veis.

            Atualmente, o termo muta��o � usado apenas para pequenas altera��es no DNA que n�o podem ser detectadas atrav�s da an�lise citogen�tica e correspondem �s muta��es g�nicas.

B) QUANTO AO TIPO DE C�LULA AFETADA

            As muta��es que ocorrem nas c�lulas gam�ticas criam a possibilidade de se observar fen�tipos diferentes do esperado se manifestando em novos indiv�duos (nascimento de mutantes).

            As muta��es som�ticas t�m express�o mais limitada, apenas criam, dentro de um tecido, linhagens celulares diferentes da inicial (aquela estabelecida durante a forma��o do zigoto). 

            Embora sem ter efeitos nas prog�nies (por n�o afetar os gametas), as muta��es som�ticas s�o muito importantes para os indiv�duos. O ac�mulo de muta��es nas c�lulas som�ticas est� relacionado com a modifica��o do funcionamento celular, sendo a base para o desenvolvimento do c�ncer e para o processo normal de envelhecimento.

MUTA��ES G�NICAS  M�NIMAS (MUTA��ES DE PONTO)

            As menores muta��es que podem ocorrer e originar formas al�licas s�o altera��es que envolvem um �nico par de bases. Essas muta��es s�o denominadas de muta��es de ponto ou muta��es puntuais e incluem os tr�s tipos de modifica��es que uma seq��ncia de nucleot�deos pode sofrer: as substitui��es; as dele��es e as inser��es de nucleot�deos.

            Considere um loco hipot�tico (loco B) que possua seis alelos (B1, B2, B3, B4, B5, B6), com as seguintes seq��ncias de nucleot�deos:

A) SEQ��NCIA DE NUCLEOT�DEOS ENCONTRADA NO ALELO B1

            Vamos considerar que esse � o alelo mais comum na popula��o e, por isso, a seq��ncia de nucleot�deos desse alelo ser� usada como padr�o para compara��o com as outras formas al�licas.

            A T G A T T C T T T T T C G T

            T A C T A A G A A A A A G C T            (Fita Molde)

            A U G  A U U  C U U  U U U  C G A    (mRNA)

                10       20        30        40         50       (C�dons)

              MET   ILEU    LEU    PHE     ARG    (Seq��ncia de amino�cidos)

B) SEQ��NCIA DE NUCLEOT�DEOS ENCONTRADA NO ALELO B2

            Comparado com o alelo B1, esse alelo possui substitui��o de um par de bases (troca do par TA por um par AT) na posi��o que corresponder�, no mRNA, ao terceiro nucleot�deo do segundo c�don)

            A T G A T A C T T T T T C G T

            T A C T A T G A A A A A G C T            (Fita Molde) 

             A U G  A U A  C U U  U U U  C G A          (mRNA)

                  10         20          30        40        50             (C�dons)

                MET     ILEU      LEU     PHE     ARG (Seq��ncia de amino�cidos)

            Apesar da substitui��o de bases no DNA, a prote�na produzida � exatamente igual � codificada pelo alelo B1, pois os c�dons AUU e AUA s�o sin�minos. Nesse caso, a exist�ncia do alelo B2 s� pode ser constatada pela altera��o na seq��ncia de bases do DNA e a muta��o � chamada de silenciosa. O polimorfismo gen�tico nesse tipo de muta��o fica restrito ao DNA, sem ser acompanhado de polimorfismo prot�ico

C) SEQ��NCIA DE NUCLEOT�DEOS ENCONTRADA NO ALELO B3

            Em rela��o ao alelo B1, esse alelo tamb�m apresenta substitui��o de um par de bases (troca do par AT por um par GC), na posi��o que corresponder�, no mRNA, ao primeiro nucleot�deo do segundo c�don.

           A T G G T T C T T T T T C G T

            T A C C  A  A  G A A A  A  A G C A            (Fita Molde)

           A U G  G U A  C U U  U U U  C G A     (mRNA)

              10        20           30        40         50        (C�dons)

              MET   VAL      LEU      PHE      ARG            (Seq��ncia de amino�cidos)

            A substitui��o de um par de bases nesse alelo resultou na substitui��o de um amino�cido na cadeia polipept�dica (no lugar da isoleucina � introduzida uma valina). As muta��es que causam substitui��o de amino�cido s�o chamadas de muta��es de sentido trocado. O efeito desse tipo de muta��o sobre o funcionamento do polipept�dio pode ser:

 # NULO

A atividade do polipept�dio continua a mesma, embora a estrutura prim�ria tenha sido alterada. Pode-se supor nesse caso, que:

            1) o amino�cido substitu�do (no exemplo � uma isoleucina) n�o era importante para a conforma��o final da prote�na (estrutura terci�ria ou quatern�ria) e conseq�entemente n�o alterou o funcionamento nem as intera��es com outras mol�culas;

            2) o amino�cido novo (no exemplo � uma valina) desempenha a mesma fun��o para produ��o da conforma��o final da prote�na e/ou interage da mesma forma com os outros elementos celulares;

            3) a regi�o do polipept�dio onde ocorreu a substitui��o de amino�cidos n�o tem fun��o biol�gica importante, podendo ser alterada sem causar modifica��o no funcionamento da mol�cula.

            Em qualquer uma dessas situa��es o desempenho da prote�na � o mesmo e a presen�a do alelo B3 certamente n�o modifica o funcionamento das c�lulas. A presen�a desse alelo s� pode ser detectada atrav�s de m�todos especiais de estudo de prote�nas .

# REDU��O OU ELIMINA��O DA ATIVIDADE PROT�ICA 

Se a substitui��o ocorrer:

-  em uma regi�o cr�tica para forma��o da estrutura secund�ria, terci�ria ou quatern�ria,

- interferir na forma��o de um s�tio ativo,

- em uma regi�o de intera��o com outras mol�culas ou estruturas celulares,

 Poder� ocorrer redu��o na atividade celular que depende desse polipept�dio. Essa redu��o pode ser m�nima ou corresponder a aus�ncia total de atividade da prote�na. 

            Dependendo da fun��o exercida pela prote�na, as conseq��ncias podem ser leves ou graves, a redu��o na atividade prot�ica pode ou n�o ser causa de desempenho celular anormal. Se a c�lula manifestar altera��o de funcionamento, o alelo B3 poder� ser identificado atrav�s de altera��o no fen�tipo dos indiv�duos portadores. 

D) SEQ��NCIA DE NUCLEOT�DEOS ENCONTRADA NO ALELO B4

            Em rela��o ao alelo B1, esse alelo tamb�m apresenta substitui��o de um par de bases (troca do par CG por um par TA)  na posi��o que corresponder�, no mRNA, ao primeiro nucleot�deo do quinto c�don)

            A T G A T A C T  T T  T T T G T

            T A C T A T G A A A A A A C A            (Fita Molde)

            A U G  A U A  C U U  U U U  U G A      (mRNA)

                10       20        30         40        50       (C�dons)

              MET    ILE    LEU    PHE     FIM         (Seq��ncia de amino�cidos)

            No mRNA produzido a partir desse alelo ocorre substitui��o de um c�don CGA (para arginina) por um c�don UGA que corresponde a FIM de s�ntese de prote�na. As substitui��es desse tipo (que originam c�don de FIM) s�o chamadas de muta��es sem sentido. Se o c�don de FIM aparecer bem no in�cio do mRNA, apenas alguns amino�cidos ser�o unidos e essa pequena cadeia polipept�dica provavelmente n�o ter� condi��es de exercer a fun��o da prote�na completa. Por�m, se esse c�don surgir muito pr�ximo da regi�o onde a tradu��o realmente deve acabar, � poss�vel que a prote�na produzida, embora seja de tamanho menor, mantenha pelo menos em parte sua atividade normal.

            As substitui��es tamb�m podem causar o efeito contr�rio, ou seja, eliminar o c�don de FIM de sua posi��o normal no mRNA. Nesse caso, a prote�na sintetizada ter� tamanho maior, pois as liga��es pept�dicas continuar�o ocorrendo at� que surja um novo c�don de FIM ou at� que a fita de mRNA acabe. 

E) SEQ��NCIA DE NUCLEOT�DEOS ENCONTRADA NO ALELO B5

            Em rela��o ao alelo B1, esse alelo apresenta um par de bases a mais (inser��o de um par  CG entre os pares AT e TA) na posi��o que corresponder�, no mRNA, ao segundo nucleot�deo do segundo c�don.

            A T G AC T T C  T T T T  T C G T

            T A C T GA A G A A A A A G C T                (Fita Molde)

          A U G  A C U   UC U  U U U   UC G   A X X         (mRNA)

                10        20          30         40          50        60         (C�dons)

              MET    THR      PHE     PHE       SER      (Seq��ncia de amino�cidos)

            A introdu��o de um par de bases (ou a remo��o ) em uma seq��ncia de DNA tem grande efeito sobre o processo de tradu��o. A partir do ponto onde foi introduzido (ou removido) um nucleot�deo, a leitura da fita de mRNA pelo ribossomo originar� c�dons diferentes do esperado. O segundo c�don a ser traduzido nos ribossomos deveria ser AUU, mas pela introdu��o de um nucleot�deo (G) , o segundo c�don passou a ser AGU. Com a inser��o, o segundo nucleot�deo do c�don original (U) passou a ser o terceiro; o terceiro nucleot�deo (tamb�m U) desse c�don se transformou em primeiro nucleot�deo do terceiro c�don (UCU), ou seja ocorre um deslocamento do quadro de leitura do mRNA. Esse tipo de muta��o, por modificar a seq��ncia em que os nucleot�deos ser�o traduzidos � chamada de altera��o de quadro ou de matriz de leitura.

           A mudan�a na matriz de leitura executada pelo ribossomo resulta na produ��o de cadeias polipept�dicas muito diferentes do esperado. A diferen�a ser� maior para inser��es ou dele��es que ocorrem no in�cio da regi�o  traduzida e  menor se ocorrer no fim da regi�o a ser traduzida. De qualquer forma, � quase certo que esse tipo de muta��o ter� efeitos not�veis no funcionamento do polipept�dio, em fun��o da grande altera��o que provoca na estrutura prim�ria dos polipept�dios.

OBS.:  As dele��es ou inser��es que envolvam tr�s nucleot�deos ou n�meros m�ltiplos de tr�s causam apenas um deslocamento tempor�rio do quadro ou matriz de leitura. (Porque ....)

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Como as alterações mutações no DNA afetam a sequência de aminoácidos de uma proteína?

Mutações são alterações nos genes, isto é, uma alteração na sequência ou no número de bases na molécula de DNA que compõe um gene. Se a alteração na sequência de aminoácidos na proteína não afetar o funcionamento da molécula e não prejudicar o organismo, de modo geral, ela passa despercebida, sendo indiferente.

Como as mutações afetam a produção de proteínas?

Como dito, as mutações surgem de forma natural ou podem ser induzidas por agentes mutagênicos, isto é, substâncias químicas ou de natureza física que podem induzir as mutações, como os raios ultravioleta e raios X, bebidas alcoólicas, substâncias derivadas do tabaco, bem como alguns medicamentos.

Por que as mutações podem afetar as estruturas funções das proteínas?

As alterações genéticas ocorridas ao acaso garantem mudanças na estrutura proteica, o que ocasiona alteração de funções. Algumas mutações fazem com que as proteínas geradas percam suas funções, enquanto outras mutações geram proteínas com ganhos de função.

Como uma mutação pode não levar a mudanças na sequência de aminoácidos?

R: A troca de um par de nucleotídeos no DNA pode não modificar o aminoácido a ser incorporado no peptídeo (mutações silenciosas). Isso porque mais de um códon codificam para o mesmo aminoácido.