As decisões que tomamos sobre a nossa alimentação provocam impactos ambientais

A produção de alimentos para consumo humano e animais é uma das atividades que mais utiliza recursos naturais como água, energia, minerais e solo. E a cada ano, a humanidade ultrapassa o limite de regeneração da Terra mais cedo, esgotando as reservas naturais do ano antes mesmo dele acabar. Em 2017, o momento em que a demanda da humanidade sobre a natureza ultrapassou o que o planeta pode regenerar chegou no dia 2 de agosto. Em 2016, essa data havia sido no dia 8 do mesmo mês.

Para trazer a atenção das pessoas para esta data, o WWF-Brasil decidiu uma página especial em seu website com desafios e soluções ambientais em diferentes áreas. Entre os materiais, destaca-se uma série com dois vídeos e um infográfico, desenvolvida pelo programa Agricultura e Alimentos, mostrando de forma bem didática algumas questões relacionadas à alimentação, possibilitando que as pessoas percebam o poder de transformação que elas possuem a cada garfada (mais informações no final).

De acordo com o diretor-geral do WWF-Brasil, Maurício Voivodic, “a comida é uma poderosa ferramenta para influenciar a sustentabilidade. As decisões que tomamos sobre a nossa alimentação provocam impactos ambientais, sociais e econômicos nas cadeias de produção de alimentos”.

Segundo a Global Footprint Network, uma organização de pesquisa internacional que tem ajudado a mudar a forma de pensar sobre os recursos naturais, a demanda alimentar representa 28% da pegada ecológica global e o desperdício, 9%. Se cortarmos o desperdício de alimentos pela metade em todo o mundo, por exemplo, seria possível postergar o “Dia da Sobrecarga da Terra” em 11 dias.

Para Voivodic, os consumidores precisam estar em contato e exigir mais informações sobre os sistemas de produção, desde a aquisição de matérias-primas até o processo de fabricação e o destino final. “Conhecer a composição, as implicações e condições de processamento e de transporte do produto são alguns exemplos de informações que serão cada vez mais necessárias para compreender o consumo sustentável.

Além das questões de alimentação, a página do Overshoot Day no site do WWF-Brasil traz dicas e informações importantes de hábitos e consumo e campanhas da ONG – ou apoiadas por ela – que podem ajudar o consumidor a ser mais sustentável. Entre as iniciativas destacadas estão o Selo Solar (com incentivo à mini e a micro geração de eletricidade); o Borandá (disseminação de trilhas pela Mata Atlântica), Pacto das Águas (pela melhoria das nascentes no Pantanal), Madeira é Legal (com incentivo ao uso de madeira de origem legalizada, especialmente na construção civil).

Quem acessar o site pode ainda se cadastrar para receber a conta do planeta (mostrando o consumo de 100% do que estava disponível para o ano) e divulgar nas redes sociais.

  • O primeiro vídeo Você come e muda o planeta tem o objetivo de questionar o papel e responsabilidades de nós, consumidores, pelo futuro da vida na Terra a partir do uso da natureza para a produção de alimentos.
  • O segundo vídeo, que será lançado na semana que vem, O desperdício do planeta invoca a triste realidade de “jogar fora” todos recursos naturais utilizados na produção de alimentos que vão para o lixo.
  • O infográfico O caminho da comida busca mostrar de maneira simplificada os processos naturais, agrícolas e industriais envolvidos na produção de um prato “típico” de comida do brasileiro contendo: arroz, feijão, alface, tomate, ovo e bife.

Já são muitas as discussões sobre tendências, movimentos de mercado e comportamento de consumo que propõem a ressignificação na maneira como lidamos com alimentação e que fortalecem o elo entre comida, saúde e sustentabilidade. Reflexo do interesse do consumidor por alimentos mais saudáveis, os produtos “clean label, ou de rótulos limpos, por exemplo, são formulados priorizando poucos ingredientes simples, naturais, frescos, sem corantes ou conservantes artificiais – tudo isso apresentado de um jeito fácil de entender. Um exemplo: iogurte. Para a sua produção são essencialmente necessários leite fresco e fermento lácteo. Infelizmente, a maioria dos produtos ainda tem um rótulo com mais de dez ingredientes listados no rótulo, alguns deles impronunciáveis. 

Para a nossa escolha alimentar, os impactos ambientais são tão importantes quanto o valor nutricional dos alimentos. De onde vem a minha comida? Qual o impacto ambiental das minhas escolhas à mesa? Não existem pessoas saudáveis em um planeta doente. Você já parou para pensar no desgaste da biosfera para você comer uma romã americana? A ideia é priorizar produtos da estação e que são produzidos próximo de onde vivemos. Parece óbvio, mas não é como acontece no dia a dia. Consumir alimentos integrais na sua forma mais natural, não refinada, com o mínimo de processamento possível, é mais saudável e mais sustentável. Com isso você também vai estar optando por alimentos mais baratos e mais saudáveis, e pode priorizar os produtos da estação e que são plantados na região em que você mora. Ou seja, frequentar a feira do seu bairro é mais barato, mais saudável e mais sustentável.

A ‘pegada ambiental’, ou seja, os recursos que as atividades humanas consomem, em termos de água, terra e ar, para produzir nossos bens de consumo deve ser repensado, ressignificado. Afinal, somos responsáveis pelas marcas que deixamos no planeta para atender ao nosso estilo de vida. A indústria da carne, por exemplo, é responsável pela emissão de cerca de 18% de todos os gases de efeito estufa, enquanto os meios de transporte são responsáveis por 13%. Além disso, necessita de terra tanto para a pastagem dos animais quanto para o plantio de matéria prima necessária para produzir a ração que os alimenta. 

Isso não significa que você tenha que mudar toda sua dieta. Adotar um estilo de vida que prioriza o consumo de legumes, verduras, leguminosas, grãos e cereais já é passo importante. Quanto menos pessoas e etapas intermediárias estiverem envolvidas no fornecimento de alimentos, melhor. Dessa forma, as empresas de alimento podem contribuir para o aumento da economia rural, criando novas formas de vender e divulgar produtos locais e atrair novos tipos de clientes. 

COZINHAR MAIS E DESPERDIÇAR MENOS: O CAMINHO  
Comer é prazer, é nutrir, é afeto. Cozinhar sua própria refeição sempre que possível, é redescobrir os sabores vindos da natureza. Você pode apreciar pratos simples e alimentos feitos com poucos ingredientes, de qualidade, de preferência orgânicos. Os números da saúde mostram que 52,5% da população brasileira está com sobrepeso. O que gera doenças que poderiam ser evitadas, apenas com uma melhora da qualidade da alimentação.

O desperdício e a perda de alimentos são imensos no mundo inteiro e nessa situação escondem-se muitas oportunidades de negócios. Soluções que vão desde a doação para instituições de caridade até utilização das sobras para fabricação de combustível estão sendo pensadas e colocadas em prática. Enquanto 1/3 dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado, milhões de pessoas passam fome todos os dias. 

Refettorio Gastromotiva exemplo de iniciativa para reverter essa situação, foi apresentado no Food Forum, que aconteceu em São Paulo, no primeiro semestre de 2017. Trata-se de um restaurante-escola criado no Rio de Janeiro durante os jogos olímpicos que serve jantares gratuitos para a população carente. A iniciativa surgiu dos chefs Massimo Bottura (Food for Soul), David Hertz (Gastromotiva, um movimento de gastronomia social) e da jornalista Alexandra Forbes para contribuir na luta contra o desperdício de alimentos, má nutrição e exclusão social.  

No espaço, chefs convidados e jovens talentos cozinham com ingredientes excedentes doados. O formato é possível de ser replicado em qualquer lugar. “Cada vez mais pessoas e organizações estão percebendo a importância de pensar e colocar em prática ações que garantam que as próximas gerações tenham um planeta mais saudável e tenham condições de viver mais saudáveis, felizes e produtivas”, diz Charles Piriou, diretor da CP&Co Consultoria, co-fundador da Simplesmente e idealizador do Food Forum. “E o conhecimento é a arma mais importante para moldar uma sociedade mais sustentável”, completa. 

Quais são os impactos da alimentação para o meio ambiente?

Ao se considerar que a alimentação humana causa indiretamente impactos ao meio ambiente como: degradação de solos; uso de recursos naturais; perda da biodiversidade; poluição do ar, águas e solo e; entre outros, faz-se necessária identificação desses impactos para futuras proposições de soluções que os minimizem.

Quais seriam os principais impactos das nossas escolhas alimentares para a criação do presente que vivemos hoje?

O prato nosso de cada dia impacta mais do que a saúde do corpo e da mente. Nossas escolhas alimentares estão conectadas também à saúde do planeta como um todo. Isso significa que o que a gente coloca no prato está relacionado com a crise climática e pode agravar os desequilíbrios que já estamos atravessando.

Qual o tipo de alimento que mais causa impacto ambiental para sua produção?

Com isso, é possível criar uma pirâmide baseada nos prejuízos que cada tipo de comida e guloseima causam para o meio ambiente. Carne e laticínios ficariam na base, responsáveis pelos maiores danos, enquanto frutas, legumes e verduras são mais "verdes" e estariam no topo.

Quais os impactos na saúde no meio ambiente do consumo de alimentos industrializados?

Além de não fazerem bem à saúde, os alimentos totalmente industrializados são ruins para o meio ambiente. Eles são responsáveis pela geração de grande quantidade de resíduos e requerem muita água e energia durante o processo de fabricação.

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